Sim, o título desta crónica de Domingos Ferreira no habitual Jornal Público é, traduzido, "Os Banqueiros Gangsters" ou "Os Gangsters Banqueiros", o que tanto faz, pois é tudo a mesma coisa. Lendo se pode deduzir que, também, está tudo na mesma, isto é, com falinhas mansas, por vezes até ao contrário, ou seja, com falas duras, agressivas, colocando-nos nos ombros um ónus, ameaçando-nos, abatendo-nos psicologicamente e em alguns casos até fisicamente, nos vão engodando e aldrabando.
Os crimes continuam a ser cometidos pelo meu vizinho mas sou eu que estou a ser considerado culpado e por isso a pagar.
Eis o artigo:
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in Jornal Público
de 03.08.2012
Debate
Banksters
Por Domingos Ferreira
Esperem...
Estou a sonhar ou todas as semanas surgem novas notícias sobre novos escândalos
no sistema financeiro? Não! Não é minha imaginação. Depois dos escândalos dos empréstimos dos
subprime, das fraudulentas taxas de juros, das apostas de alto risco no mercado
de derivados e da venda de produtos tóxicos aos clientes, pensar-se-ia que mais
nada poderia acontecer. Mas não! A Peregrine Financial Group é um broker de
commodities e situa-se em Cedar Falls, no Iowa, EUA. Esta empresa geria uma
carteira de investimento de cerca de 200 mil milhões de dólares provenientes de
depósitos dos seus clientes. Todavia, em resultado da tentativa de suicídio do
endividadíssimo Russell Wasendorf, CEO da Peregrine, a fraude foi descoberta.
Wasendorf deixou uma carta escrita descrevendo todo o esquema fraudulento.
Verificou-se que dos 200 mil milhões de dólares dos depósitos restavam apenas
cinco mil milhões de dólares.
Este é um caso em tudo semelhante a um outro, o da MF Global Holdings Ltd. Este broker operava no mercado de dívida pública europeia e entrou em colapso em Outubro último, em resultado também de um desfalque de 1,6 mil milhões de dólares. Mas há mais! Quem alguma vez adivinharia que o HSBC, prestigiado banco inglês, estaria envolvido na lavagem de dinheiro proveniente do narcotráfico, "diamantes de sangue", venda de armas e ligações ao terrorismo internacional? Em resultado deste escândalo, a Subcomissão Permanente de Investigações do Senado Americano promoveu uma investigação de que resultou um relatório de cerca de 330 páginas onde são acusados dezenas de banqueiros e executivos. Apesar de advertida, esta instituição continuou o business as usual.
Há mais, ainda: de acordo com o New York Times, o Goldman Sachs enriqueceu o seu longo e duvidoso curriculum. O escândalo rebentou quando divulgaram que este banco tinha efectuado investimentos numa start-up cujo core business é, imaginem, pornografia infantil. Isto para não falar no mais recente escândalo da venda de uma empresa americana de high-tech, a Dragon Systems Inc., à empresa belga. Neste negócio, o Goldman Sachs figurava não só como adviser, mas também como representante da empresa adquirente. Todavia, até ao momento os fundadores da Dragon Systems, Jim Baker e Daniel Baker, ainda não viram a cor do dinheiro, apesar de Lernout & Hauspie terem provado que efectuaram o depósito de pagamento no Goldman Sachs. A história ainda não acaba aqui. A Capital One, a gigante dos cartões de crédito, foi obrigada a reembolsar os seus clientes num total de 210 milhões de dólares. A Capital One efectuava débitos nos cartões de crédito dos seus clientes de compras de produtos (à própria Capital One) que estes nunca haviam autorizado. E, por fim, a cereja em cima do bolo: a Commodity Futures Trading Commission denunciou a mãe de todos os escândalos - a Liborgate. O gigante financeiro Barclays admitiu ter manipulado em proveito próprio, todavia, com forte prejuízo para todos nós, as taxas de juros que servem de referência a todos os depósitos e empréstimos, como cartões de crédito, juros do crédito à habitação e automóvel, créditos pessoais, etc. Calcula-se que apenas num dia a Libor sirva de referência a cerca de 800 biliões de dólares. Desta maneira, o Barclays ganhou "rios de dinheiro". Mas ninguém pense que este banco está sozinho. É cada vez mais claro que alguns dos maiores bancos e traders internacionais estão também envolvidos. Até mesmo Robert Diamond Jr., CEO do Barclays que perdeu o seu emprego após a denúncia do escândalo, afirmou: "Fiquei doente com o que li nos emails dos meus traders". De facto, o clube está corrupto e será caso para perguntar: onde pára a polícia? Isto é, as autoridades de regulação. Porém, estas não funcionam, pois, para além de terem visto os seus orçamentos drasticamente reduzidos pelo Congresso americano, inviabilizando, assim, a supervisão do sistema, estas estão infiltradas pelos próprios banksters. Os serviços financeiros são cruciais para o desenvolvimento económico, por isso, todos, famílias e empresas, necessitam de um sistema transparente e honesto. É uma perigosa fantasia pensar que Wall Street se pode auto-regular como afirma Mitt Romney.
P.S.: Têm circulado na Internet artigos alegadamente da minha autoria, os quais ou são falsos ou estão adulterados. Alguns são mesmo ofensivos para algumas figuras públicas. Por conseguinte, demarco-me inequivocamente destes artigos. Lembro que todos os meus artigos originais estão disponíveis no website deste jornal.
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